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Literacia Histórica:

  • Eduardo Parreira
  • 20 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 17 de out.

O Alicerce Invisível da Grande Narrativa


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Introdução: A Ponte entre História e Ficção

Todo grande romance histórico — seja uma epopeia de Ken Follett, uma intriga de Umberto Eco, uma saga de Bernard Cornwell ou os novels históricos que escrevo como "A Origem" ou "Sangue e Liberdade" — nasce de algo maior do que a (extensa) pesquisa: emerge da capacidade de pensar historicamente. Literacia histórica não é apenas saber datas, sobre reis e batalhas. É a habilidade de olhar para o passado como um terreno vivo, repleto de vozes, silêncios e escolhas. Para um escritor, é o que separa uma narrativa imersiva de um simples pano de fundo.


O que é Literacia Histórica

Literacia histórica — ou alfabetização histórica — é a competência de compreender, interpretar e utilizar o passado com base em evidências, construindo narrativas coerentes e críticas. Ela exige:

• Ler e interpretar documentos, mapas, imagens, cartas e testemunhos;

• Avaliar a confiabilidade das fontes e seus contextos;

• Entender mudanças e permanências ao longo do tempo e épocas;

• Reconhecer diferentes perspectivas, inclusive ou principalmente as silenciadas;

• Construir argumentos e enredos a partir de fatos e não apenas de opiniões e da liberdade criativa.


Literacia Histórica como Ferramenta do Escritor

Para quem escreve novels (romances, ficção etc), essa habilidade é um verdadeiro superpoder. Um personagem não se torna verossímil apenas por falar a língua da época ou pelas descrições de cenários realistas, mas por pensar e sentir como alguém do seu tempo. Minhas sugestões para quem escreve romances históricos:

Evidência e fonte: buscar cartas, anúncios, artefatos ou diários que inspirem diálogos e detalhes sensoriais.

Causalidade e consequência: entender o “porquê” dos eventos históricos evita clichês e motivações rasas.

Mudança e continuidade: usar o pano de fundo histórico para mostrar o que evolui e o que persiste na condição e cultura humana.

Empatia e perspectiva: colocar o leitor na pele de alguém de outra época, sem julgamentos anacrônicos nem comparações.

Significado histórico: escolher quais eventos ou personagens são centrais para o enredo, e por quê.


Escrita Criativa: Transformando História em Drama épico

Um bom romance histórico é um campo de batalha entre documento e imaginação. O escritor precisa mergulhar em fontes primárias, mas também ousar preencher lacunas com hipóteses prováveis, emoções e conflitos. Por exemplo, uma narrativa sobre a escravidão pode ir além da cronologia de leis e maus-tratos: ela pode mostrar o impacto psicológico nos personagens, a tensão moral de quem resistia, o dilema dos que se beneficiavam do sistema, questões religiosas, econômicas e culturais da época.


Por que Isso Importa Hoje

Em tempos de tanta fake news, revisionismos e manipulações ideológicas, o escritor que domina a literacia histórica não apenas entretém — ele educa e defende a memória coletiva. Uma narrativa bem construída ajuda o leitor a enxergar conexões entre o passado, suas consequências e os dilemas atuais, a desenvolver empatia histórica e principalmente a pensar criticamente.


O Chamado ao Escritor-Historiador ou de Romances Históricos

Conhecer e dominar a literacia histórica é um convite para o escritor se tornar mais do que um contador de estórias — é tornar-se um intérprete do tempo. Ao fazer isso, você autor oferece ao seu leitor não apenas uma viagem a outra era, mas uma lente para entender o mundo de hoje.

“Escrever romances históricos é, no fundo,

um ato de arqueologia emocional:

escavar o passado para descobrir quem somos.”


 
 
 

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